terça-feira, 3 de julho de 2012

Amor e castidade



Afirmação da maioria dos jovens

A mentalidade moderna tem dificuldade em conciliar amor e castidade. Afirma que “o amor envolve toda a pessoa e requer necessariamente também a expressão sexual, sem esperar o tempo do matrimônio. Se duas pessoas se querem bem, devem ser sinceras ao expressar tal amor. É impossível dominar os impulsos sexuais. O afeto pede para que seja manifesto e o corpo, incluída a sexualidade, é o caminho mais natural.”
 São algumas afirmações comuns de muitíssimos jovens. Expressam um direito defendido tenazmente, mas também a mágoa por ideal considerado belo, mas impossível. Há a convicção que não se “pode” dar ordens ao amor; muito menos ”colocar-lhe” um freio; deve ser vivido em liberdade.

Pensamento diferente

Existe, porém, também a mentalidade oposta: a possibilidade de viver um amor casto. Exatamente porque duas pessoas se amam, cultivam um amor feito de ternura e de respeito. Sabem delimitar as justas fronteiras que permitem sentirem-se ligadas afetivamente sem se concederem tudo aquilo que o impulso emotivo e carnal pede. Remetem o amor aos ideais em que acreditam. Conseguem enquadrar o amor no contexto dos valores fortes, para os quais é justo não se deixar seduzir pelo instinto. Procuram preservar a expressão sexual para a escolha definitiva do matrimônio. Acreditam que o amor é verdadeiro se não se deixar levar dizendo que tudo é lícito. Mais que em liberdade, deve ser vivido na verdade. 

A Palavra de Jesus

 A definição mais bela de castidade foi dada por Jesus nas bem-aventuranças: “Felizes os puros de coração” (Mt 5,8). Não falou de pureza física, mas de coração. Nem tampouco a excluiu, mas deu o primeiro lugar àquela que sai de dentro. O que Ele quis dizer? Vamos encontrar a resposta em Mt 15,19: “É do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade...”.
Jesus ensina que a castidade se remete antes de tudo ao respeito à pessoa. É casto quem olha o outro vendo nele a dignidade de criatura; quem não se deixa vencer pelos impulsos egoístas que acabam instrumentalizando-a, consegue-se amá-la como pessoa e não enquanto objeto de prazer. O respeito é amor e o amor produz o respeito.
São Mateus completa a frase dizendo: “porque verão a Deus”. Quem olha o outro sem segundas intenções egoístas, descobre no outro uma dimensão espiritual. Descobre nele a imagem de Deus, porque toda criatura a traz consigo. Isto ajuda a viver o amor numa ótica que supera a pura atração natural e instintiva. Leva a vê-lo na perspectiva mostrada por Deus: é o contexto de se descobrir como dom de um para o outro à luz do Seu amor exemplar. Ele se fez dom para o homem e para a mulher: dom de vida, de liberdade, de respeito, de restauração. Amou-os com verdadeira gratuidade, sem outras intenções, somente desejando que se desenvolvessem na vocação que lhes foi confiada.

Caminho gradual

 O amor, antes de ser puro, é casto; a castidade precede a integridade física. É o olhar límpido que sabe acolher o outro e crescer com o outro.
Todavia, tem que responder ao próprio impulso carnal. O discurso é bonito, mas se torna difícil no impacto com as exigências sexuais. É difícil ao se deixar envolver também no contato físico, erótico; sobretudo quando o afeto se torna sempre mais profundo, a ligação mais estável e envolvente e a possibilidade de chegar ao matrimônio se dilata no tempo.
Daí, a pergunta: “Como expressar o amor de tal modo que seja casto? Até onde é lícito manifestá-lo fisicamente sem cair em pecado?”.
Os peritos sublinham a importância de não querer consumar tudo e logo: de saber esperar, de lidar de modo gradual com as expressões afetivas. É importante uma caminhada gradativa.
Cada um deve aprender a lidar com o afeto conforme este vai ganhando espaço. Com o tempo saberá encontrar as modalidades afetivas que sejam voltadas para a sensibilidade alheia e respeitosa dos valores nos quais se acredita. Não há dúvida, é difícil! Daí a importância da prudência, das recíprocas solicitações que não exponham a seguir os instintos. Ternura, atenção recíproca, afetuosidade respeitosas são expressões que cultivam o amor e o mantêm casto, sob a condição que não percam jamais de vista a pessoa em sua totalidade e verdade.
Também a abertura ao contexto, ao confronto, ao grupo de amizade ajudam a crescer num amor maior, a não se fechar numa vida afetiva a dois, que o tempo se desgasta.

Cultivar o ideal

O amor casto deve ser cultivado. É uma flor que não cresce em terrenos incultos. Delicadeza de alma, respeito ao outro, valores espirituais, feitos próprios se torna contexto que favorece isso. Ajudam a manter os horizontes abertos além da relação do casal. A descobrir que o amor casto abre o coração ao dom de si, que pode ir além da relação a dois. Pode chegar a descobrir que a própria vida pode ser vivida como dom de amor a Deus e aos irmãos como coração não dividido.
É o caso de quem faz a escolha da vida de consagração.
O amor casto deve ser cultivado através da purificação do coração. As expressões egoístas são onipresentes como a erva daninha: devem ser arrancadas. Não basta dizer: “Não me confesso, porque vou fazer de novo”. Os sacramentos são de ajuda para perceber a graça e para manter vivo o ideal da castidade por amor. 
Fonte: Revista: O Milite – Milícia da Imaculada  ( Bruno Scuccato)

Nenhum comentário:

Postar um comentário