sexta-feira, 1 de julho de 2011

É jovem minha oração

Muitas vezes, na Igreja e na nossa caminhada, a gente se questiona e também é questionado sobre como vivenciamos a nossa juventude.
A gente fica sempre naquela expectativa de ser um pouco melhor. Às vezes, esbarramos nas incompreensões próprias das diferenças etárias e, talvez, de uma visão mais restrita sobre a realidade de hoje.
Particularmente, quando ouço dizer que os jovens serão os responsáveis pela RCC dos próximos 40 anos eu não vejo isso como uma profecia cronológica: o que seria óbvio demais para nos ser relembrado pelo Espírito. Quer dizer, é claro que quem tem 20 ou 15 anos agora, muito provavelmente vai tocar e ver a RCC nos próximos 40 anos.
Para mim, o grande segredo que se esconde atrás dessa fala profética é o que aquela Voz no nosso interior nos conta: - Na verdade, os jovens são responsáveis pelos próximos 40 da RCC porque são eles quem agora mais sofrem e mais se confrontam com a realidade de hoje.
São os jovens os mais desafiados pela cultura pós-moderna. Os valores ou contra-valores vivenciados na nossa sociedade hoje atingem de maneira particular a juventude. Exigem um novo estilo de vida. Criam uma nova cultura na qual estão visivelmente atingidas as estruturas familiares e o sistema das hierarquias cada vez menos verticais e mais horizontais. Isso em todos os campos.
Sem falar que são os jovens de hoje, e não os de 40 anos atrás que se deparam com uma sociedade que efetivamente aderiu e aceitou o homossexualismo, o aborto, o divórcio, a ploriferação de seitas, o mundo conectado, o espetáculo de homens enjaulados nos reality shows. São desafios novos, para uma nova juventude.
O que nos iguala àqueles jovens que começaram o movimento carismático é que somos (eles e nós): jovens cristãos.
Entretanto, cada qual precisou trabalhar e agir de uma maneira diferente, pois as necessidades, em certa parte, eram diferentes. Por isso, é que me parece que ser carismático hoje tem algo de (parafraseando Santo Agostinho) verdade antiga, mas tão nova.
Nós sabemos, de ouvir as histórias dos nossos pais, que antigamente o consumismo era menor, as pessoas de alguma forma viviam bem com muito menos do que temos hoje. Os jovens não precisavam e nem podiam estudar tanto ... entrava-se logo cedo para o campo do trabalho. Bom, nós sabemos que isso ainda hoje acontece especialmente com os jovens mais pobres, o que torna a vida deles ainda mais difícil porque todo mundo precisa de ter estudos ... e não basta o Ensino Fundamental e Médio, precisa ter um curso de informática, precisa saber também inglês, ter curso superior, pós-graduação, horas e horas de estudo, precisa ter boa aparência, precisa de várias coisas para se colocar no curso da vida hoje. Daí a dificuldade, muitas vezes, de vermos casamentos. Tantos e tantas jovens solteiras por opção e/ou com aflição. Fica difícil, dizem, assumir mais essa responsabilidade.
Acho que as vocações para a vida consagrada, nesse sentido, ganham um espaço melhor. Especialmente se a opção for o celibato. Nós ficamos com medo de ter filhos e ter contas para pagar. Falo de nós porque pode ser que um ou outro não tenha esse medo, mas basta conversarmos com os/as jovens por ai, que nós vamos perceber isso.

Tenho 28 anos e na minha idade, minha mãe tinha três filhos, era casada há quase 10 anos. Já meu pai, na minha idade, também tinha os mesmos três filhos, trabalhava dois períodos, cursava faculdade à noite e quando se formou, passou a trabalhar os três turnos: ele é professor ... nem precisa dizer né?
E eu? Ah! Eu sou feliz sim. E tive muitas oportunidades. Estudei sempre em escola particular. Na melhor da minha cidade, pois tinha bolsa. Me formei em Direito como sempre sonhava. Consegui passar no exame da Ordem dos Advogados. Trabalhei como advogada desde os 24 anos até agora. Mas ainda tenho muitos desafios para alcançar o meu espaço na vida. Às vezes, como outros jovens, tenho medo do futuro, mas Cristo e a Igreja têm me ajudado a compreender melhor esses desafios e perder o medo. Apenas viver! Acolher o dom da vida e seguir! Não importa o que acontecerá, não importa o que aconteceu, importa viver bem o que está nas minhas mãos: fazer o possível e confiar no Senhor.
Bom, acho que me perdi no texto, mas voltando um pouco, sobre os jovens da RCC. É que para nós semearmos a Cultura de Pentecostes precisamos também saber que é nesse espaço de vida que estamos agora que vamos transbordar o amor de Deus: o Espírito Santo.
Precisa mesmo que nós jovens nos assumamos tal qual somos agora e como queremos ser. Nós não temos que ter medo de ser jovem, sabe? Se nós caimos e erramos é porque estamos num caminho de subida. O Senhor está conosco.
Eu queria dizer essas coisas para alguém. Eu queria dizer isso para outros jovens e para os adultos. Para que entendam como dizia o Padre Zezinho: "É muito jovem a minha oração, é muito jovem a minha oração; talvez não tenha maturidade, mas tem a verdade do meu coração, do meu coração de jovem cristão, do meu coração de jovem cristão."

Por Janaína César
Comissão de Diálogo CNBB - Ministério Jovem RCC Brasil

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