O que é este amor que tanto falamos? A compreensão do amor cristão, tão fácil de ser sentida, se perde em palavras e reflexões. Todos nos perdemos. Conhecemos o amor, mas não entendemos o que é amar, que é a chave para entender, conhecer e invocar a Deus. É assim que, quando desejamos ou concebemos a idéia de Deus, ficamos presos ao dilema:
"Quem invocará ao Senhor sem conhecê-lo? Ou...
Será que é melhor invocá-lo, para serdes conhecido?"
Para pensar sobre isto, proponho antes discutir um exemplo de amor. Partamos da relação de amor menos contaminada de vícios e complexidades do trato humano do que outras, pelas necessidades impostas pela construção social, posto que seja a primeira e mais presente. Com efeito, não é difícil perceber “o que é amor” quando se pensa numa mãe e um filho. O exemplo cristão comum: basta observar o comportamento da Virgem Maria, para vermos o que é amor.
Pensemos em Maria por um instante: ela, jovem mulher, se entregou a uma realidade completamente desconhecida; deparou-se com uma gravidez sem pai humano; casada, pela justiça e santidade de José, viu seu filho sair de casa por uma mensagem mais forte, que ela sabia ser seu destino, porque lhe foi revelado assim pelo que ela mais acreditava; vendo isto, seu coração de mãe provavelmente alertou-a do final terrível que este desfecho levaria; seu filho preso permaneceu frente a ela, enfrentando a morte dele como morte de seu próprio coração, sem dizer nada. Maria não deteve Jesus. Não o quis somente para si porque sabia, de antemão, que este não era o seu caminho, seu dom, sua vocação. Poderia ser egoísta em seu desejo de posse de mãe, poderia querer o filho sempre a seu lado na viuvez. Mas isto não deixaria seu filho feliz, nem seria certo como mãe. Porque a mãe se doa ao filho, não o contrário.
Não estou exaltando a santidade de Maria neste momento: estou colocando-a como a representação ideal da mãe, buscando captar o que seria o “amor” na conduta dela diante de seu filho. Agora que temos um exemplo de amor cristão, assenta-se o caminho a nossa frente. Ainda assim, subsiste a questão, “o que é o amor?” Este bem tão perseguido pelas palavras bíblicas, condutor de comportamentos incompreensíveis dos homens em todos os tempos, esta sede que nos aproxima do outro, que dá causa à Criação, o que ele é? Repito, “o que é o amor?”
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