O novo catecismo para jovens, publicado com uma introdução de Bento XVI, não é a favor dos anticoncepcionais, ao contrário do que foi anunciado por fontes de informação na internet, que se basearam em uma tradução errônea da versão italiana.
Ainda que vários sites tenham exibido títulos como "Catecismo para JMJ sugere que casais cristãos usem anticoncepcionais", uma leitura completa de "YouCat" (‘Youth Catechism'), que será distribuído na mochila do peregrino a cerca de 700 mil participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), demonstra o contrário.
A versão italiana do original alemão, que contém um erro de tradução em uma pergunta sobre o assunto (não na resposta), esclarece a diferença entre o uso de métodos naturais de planejamento familiar e os artificiais, enfatizando os problemas morais que estes últimos apresentam.
Devido ao problema da tradução, a editoria na Itália, ‘Città Nuova', anunciou ontem que parou a distribuição do catecismo, enquanto analisa do texto, como explicou uma porta-voz da editora à agência católica norte-americana CNS.
"YouCat" é um trabalho realizado pela Conferência Episcopal Austríaca, cujo presidente é o cardeal Christoph Schönborn, OP, editor-adjunto do Catecismo da Igreja Católica, de acordo com as conferências episcopais da Alemanha e Áustria.
No número 420, segundo a tradução em espanhol, a pergunta diz: "Um casal cristão pode utilizar métodos de controle de natalidade?". No entanto, em italiano, a questão é a seguinte: "Um casal cristão pode usar métodos anticoncepcionais?". "YouCat" responde: "Sim, um casal cristão pode e deve agir de forma responsável com o dom de dar vida".
Apesar desse mal-entendido causado pela pergunta mal traduzida, os demais textos do "YouCat" esclarecem toda dúvida.
"Às vezes pode haver condições sociais, psicológicas e de saúde nas quais um filho poderia representar um desafio enorme, quase sobre-humano - afirma a tradução distribuída em italiano; por este motivo, existem critérios claros que um casal cristão tem de levar em consideração: a regulação dos nascimentos não pode significar que um casal está evitando a concepção por princípio; tampouco pode significar que excluem os filhos por razões egoístas; nem pode significar, por fim, que possa intervir uma coação externa (quando, por exemplo, o Estado decide quantos filhos um casal deve ter). Finalmente, não pode significar que se pode usar qualquer método anticoncepcional."
A questão do número 421 é: "Por que não são igualmente bons todos os métodos para evitar a concepção de um filho?".
"YouCat" responde em italiano, com uma tradução que basicamente corresponde ao original em alemão: "Dentre os métodos para regular de maneira consciente a concepção, a Igreja se refere às práticas mais avançadas da auto-observação e de planejamento familiar natural; estas respeitam a dignidade do homem e da mulher; respeitam as leis internas do corpo feminino; exigem ternura e atenção mútua e, portanto, são uma escola de amor".
"A Igreja presta atenção escrupulosa ao respeito pela natureza e vê nela um significado profundo. Para a Igreja, portanto, não é indiferente que um casal manipule a fertilidade da mulher ou recorra a períodos férteis e não-férteis. Em nome do planejamento familiar natural, o adjetivo "natural" não é proposto por acaso: é ecológico, íntegro, respeita o casal e sua saúde. Além disso, se usado corretamente, é ainda mais eficaz do que a pílula (ou seja, tem maior Índice de Pearl)."
"Pelo contrário, a Igreja rejeita todos os métodos artificiais de contracepção, sejam métodos químicos (a pílula), mecânicos (preservativo, espiral) ou cirúrgicos (esterilização), que interferem, manipulando-a, a união entre o homem e a mulher. Estes métodos artificiais podem inclusive pôr em perigo a saúde da mulher, ter uma ação abortiva e comprometer, a longo prazo, o amor do casal", conclui a publicação distribuída em Roma.
Fonte: Zenit
Nenhum comentário:
Postar um comentário