Uns, fizeram de seu ofício a ostentação da cauda dos pavões. Outros, foram feitos para alçar o vôo dos gaviões. Alguns, encontraram suas vitórias nas brigas de leões e gostam de ganhar todas elas. Um grupo em extinção, salta de galho em galho junto aos mico-dourados. E uma minoria, (principalmente nestes tempos) nasceu para ser jumento.
Deve ser "tão melhor" brilhar, ser conhecido, adorado, ovacionado, aplaudido... deve ser bom o reconhecimento do meu talento. Mas, por que então, justamente ao jumento, Deus confiou Seu Filho, Jesus?
Por que Jesus não alçou vôo como o Superman, ou interagiu como os super-gêneos, ou levantou sua espada de "thundera"? Por que essa insistência divina, em querer ser aquilo que eu não gosto de ser? Por que a salvação entrou em cima de um jumento, tirando de mim toda a possibilidade de ser proprietário dos bens terrenos?
Aonde Deus queria chegar quando inventou o jumento? Que Evangelho é esse, meu Deus? O que Deus queria me ensinar, quando, ao invés de colocar Jesus em um Toyota, colocou-o em cima de um produto híbrido, resultante do cruzamento de um asno com uma égua?
Em um mundo de consumo, de roupas caras, do prazer de ser "Apple-maníaco", um jumento vem nos ensinar que a Graça de Deus nos basta. E que Deus faz a salvação acontecer sobre aquilo que eu sou e não sobre o que tenho e posso.
O jumento veio ao mundo para confundir a Apple, a Microsoft, a Vivo, a Claro, o BB, o Smartphone, o McDonalds, a Coca-cola, a Phillipe Morris, os leigos católicos, os cristãos que pedem dízimo prometendo carros luxuosos e gordas mesadas.
Intelectuais católicos tem aversão aos jumentos, pois alegam que eles são radicais e falam uma língua que ninguém entende.
Freud foi bom, ah! mas o jumento foi melhor. O CD que você gravou, ganhou "Oscar" mas, o relinchar do jumento, chamou mais a atenção divina. E, enquanto a galera fica doida para ter um cantinho no programa do Amaury Jr. ou no programa do Jô, os jumentos perdem o espaço e nem conseguem direito mais evangelizar.
O Evangelho dos jumentos existe e foi o próprio bichinho quem escreveu quando aceitou carregar a Salvação. Os jumentos podem ensinar muito para mim. Ele me confunde também, quando eu assino cheque, faço compras no cartão, gasto meu dinheiro com tudo que eu gosto e não ajudo minha paróquia ou a uma obra de evangelização.
Os jumentos falam mais alto, quando meu dinheiro não consegue salvar a vida de um ente querido, ou quando quero reconstruir minha amizade com meu pai. Posso ser rico, mas não o suficiente para carregar no pescoço a Salvação eterna, porque minha riqueza é mundana, e tudo que é do mundo é limitado, é passageiro, é ilusão.
Peço a Deus que os jumentos se levantem rapidamente. Que o Evangelho dos jumentos seja mais pregado, sem medo, mas com ousadia profética e sem o temor de vincular meu nome ao Nome de Jesus. Que gritem então, os jumentos!
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