A vida do cardeal John Henry Newman (1801-1890) mostra que “a paixão pela verdade, a honestidade intelectual e a autêntica conversão são custosas”, disse Bento XVI, durante a vigília de oração pela beatificação do purpurado britânico.
O ato de oração aconteceu em pleno coração de Londres, reunindo 80 mil pessoas, muitas delas jovens.
Após a leitura das bem-aventuranças, Bento XVI, em sua homilia, compartilhou com os presentes a influência que Newman exerceu em sua vida e em seu pensamento: este anglicano que passou a fazer parte da Igreja Católica “nos convida a examinar nossas vidas, para vê-las no amplo horizonte do plano de Deus e crescer em comunhão com a Igreja de todo tempo e lugar”.
Uma vida ao serviço da Verdade
O Papa destacou a luta constante que o venerável servo de Deus travou contra a tendência de reduzir a fé à esfera privada e a uma percepção meramente subjetiva; uma luta que oferece grandes ensinamentos para o tempo presente, “quando o relativismo intelectual e moral ameaça destruir a própria base da nossa sociedade, Newman, recorda que o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, recebe um chamado especial: conhecer a verdade e encontrar nessa verdade nossa liberdade última e o cumprimento das nossas aspirações humanas mais profundas”.
Proclamar o Evangelho com valentia
“Não podemos guardar para nós mesmos a verdade que nos torna livres”, exortou o Papa, dizendo que, a exemplo de Newman, “é preciso dar testemunho dela”, porque a verdade “pede para ser ouvida”. De fato, o poder de convicção que a verdade tem “procede de si mesma, e não da eloquência humana ou dos argumentos que a expõem”.
Um novo martírio: a ridicularização
O Pontífice indicou que “o preço a ser pago pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado, desconjuntado, esquartejado”; não obstante, aqueles que proclamam a fé com fidelidade nos tempos atuais muitas vezes devem pagar outro preço: “ser excluído, ridicularizado”.
Mas advertiu que nem por isso a Igreja “pode se desviar da sua missão de anunciar Cristo e seu Evangelho como verdade salvadora, fonte da nossa felicidade definitiva como indivíduos e fundamento de uma sociedade justa e humana”.
Bento XVI convidou os presentes a viverem sua fé com coerência, a exemplo de Newman, pois a verdade se transmite “não só pelo ensinamento formal”, mas sobretudo “pelo testemunho de uma vida íntegra, fiel e santa”.
Da mesma forma, destacou que, diante da crise de fé da sociedade atual, os cristãos não podem “se dar ao luxo de continuar como se não acontecesse nada”.
Advertiu que tampouco basta confiar somente “em que o patrimônio de valores transmitido durante séculos do cristianismo continuará inspirando e configurando o futuro da nossa sociedade”.
“Sabemos que, em tempos de crise e turbação, Deus suscitou grandes santos e profetas para a renovação da Igreja e da sociedade cristã – recordou o Papa. Confiamos em sua providência e pedimos que nos guie constantemente.”
Aos jovens
O Papa fez um convite especial aos jovens, para que escutem atentamente o chamado particular que o Senhor faz a cada um, seja dentro da vida consagrada, no sacerdócio ou dentro do sacramento do matrimônio: “Peçam-lhe a generosidade de dizer ‘sim’. Não tenham medo de entregar-se completamente a Jesus. Ele lhes dará a graça de que precisam para acolher seu chamado”.
E marcou um encontro com os jovens na Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri em agosto de 2011, assegurando que “é uma magnífica ocasião para crescer no amor a Cristo” e em uma “alegre vida de fé junto a milhares de jovens. Espero ver muitos de vocês lá”.
Fonte: www.vatican.va/
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